quinta-feira, 7 de maio de 2009

Pescador sofre atentado a balas no Rio de Janeiro

Pessoal,

Hoje a boniteza da vida, como dizia Paulo Freire, deu lugar a feiura da vida. Alexandre Anderson, trabalhador da pesca e integrante do movimento "Grupo Homens do Mar da Baía de Guanabara", sofreu um atentado violento contra a sua vida na madrugada do dia 30 de abril por causa de sua luta contra as irregularidades cometidas pelo Pólo Petroquímico em Itaboraí - RJ da Petrobrás. Abaixo, segue o relato do próprio Alexandre.

Abaixo do relato está a carta denúncia do ocorrido e pedimos que todos e todas reencaminhem essa moção como indicado na mensagem para pressionar as autoridades realizarem imediatamente uma investigação séria que apure os envolvidos.

Para finalizar essa postagem, trago mais uma de Paulo Freire, que dizia que há dois sentimentos, duas emoções éticas que movem as transformações sociais: o amor e a raiva. Não podemos mais permitir essa escalada de criminalização dos movimentos sociais em nosso país continue. Todo nosso apoio Alexandre.

Relato de Alexandre

Caros amigos neste momento estou indo para um lugar seguro, com minha esposa e filho, longe de minha casa e trabalho, pois "hoje por volta das 00:30 hs., chegando da pesca fui recebido á "tiros" de "arma de fogo", feitos da direção do canteiro de obras do "Projeto GLP da Baía de Guanabara", onde verifiquei dois indivíduos correndo para minha direção, os disparos passaram próximo a mim alguns centímetros, sem contar as ameaças constantes por telefone. Justamente no mesmo período que vem acontecendo o "Protesto dos Pescadores em Praia de Mauá, em frente ao canteiro do Projeto GLP - PETROBRAS S.A. Estou no dia de hoje fazendo ocorrências policiais.

Farei contato futuro.

Obrigado.

Alexandre Anderson - Grupo Homens do Mar da Baía de Guanabara

---------------------------------------------------------------------
Excelentíssimo Senhor,

É com imenso pesar que lhe dirigimos esta correspondência. As organizações que a escrevem –e subscrevem- são reconhecidas em suas respectivas áreas pelo trabalho que realizam pela ampliação e reforço do cumprimento dos direitos humanos e constitucionais dos cidadãos brasileiros em sua concepção ampliada, incluindo direitos econômicos, sociais, políticos e culturais.

Foi com muita revolta e indignação que recebemos a notícia do atentado contra a vida do Sr. Alexandre Anderson, presidente do Grupo Homens do Mar na madrugada do dia 30 de abril de 2009 em sua casa no Rio de Janeiro. Esta organização e o Sr. Alexandre vêm acompanhando a atuação da Petrobras na Baía de Guanabara há um bom tempo e denunciando sistematicamente suas violações e crimes. Talvez por isso venha sendo constantemente vítima de ameaças e perseguições, que culminaram no crime que é objeto deste ofício.

O registro de ocorrência deste atentado deu-se em sua delegacia, por isso resolvemos lhe encaminhar este ofício como forma de protestar e exigir a tomada das devidas providências a respeito deste terrível crime. Nós estaremos acompanhando todo esse processo. Esperamos que os direitos humanos sejam válidos e respeitados em nosso país em todas as situações e que possamos contar com o apoio de sua instituição nesta empreitada. Aguardamos os encaminhamentos e as providências que a sua delegacia tomará a respeito deste atentado.

Atenciosamente,

Enviar fax para:

66 º Delegacia de Polícia
Delegado Dr. José Mario Alves dos Santos
Endereço Av. Santos Dumont s/n Piabetá
Tel: (21) 3399-5260

Um comentário:

  1. Aproveito o ensejo para reportar esta última notícia da luta dos pescadores da Baia de Guanabara contra a Petrobras.
    A 3ª Câmara Cível do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) condenou a Petrobras a pagar indenização para um grupo de pescadores prejudicado pelo vazamento de óleo na Baía de Guanabara, ocorrido em janeiro de 2000. Cada um dos nove pescadores receberá R$ 30 mil por danos morais.

    A Petrobras também foi condenada a pagar, a cada um, mais R$ 300 por dano material. O acidente aconteceu no município de Magé e, segundo os nove autores da ação, causou danos ao meio ambiente e, assim, prejudicou os rendimentos daqueles que sobrevivem da captura de siris na região.

    Na sua decisão, o relator do caso, desembargador Fernando Foch, afirmou que são indiscutíveis os danos sofridos pelos autores, já que a captura de siris era a única atividade realizada por eles.

    O magistrado também ressaltou que a verba indenizatória condiz com a afronta à dignidade humana causada pelo vazamento. “Os autores, já pobres, como notório, se viram relegados à angústia, à insegurança, à incerteza quanto à cata de siris, sendo eles dependentes disso para sobreviverem", concluiu.

    ResponderExcluir